O futuro constrói-se na luta<br>de todos os dias
Deslocaram-se de todo o Alentejo e reuniram-se em Estremoz para comemorar o 95.º aniversário do PCP. Mais de um milhar de homens, mulheres e jovens ali participaram dum almoço e assistiram a um comício. Ouviram Jerónimo de Sousa evocar a «história notável» do Partido, caracterizar o momento político actual e perspectivar as lutas que aí vêm.
O PCP defende uma nova Reforma Agrária
O Pavilhão de Feiras e Exposições de Estremoz recebeu no domingo, 20, o Almoço Regional do Alentejo dos 95 anos do PCP. O recinto estava decorado com pendões, cartazes e faixas com palavras de ordem tais como «Alentejo a produzir: desenvolvimento, emprego, justiça social», «PCP, o Partido da Reforma Agrária», «Reforma Agrária, conquista de Abril», «Uma nova reforma Agrária, necessidade do nosso tempo», «Defender e afirmar a Constituição da República Portuguesa» e outras exigindo aumentos salariais e mais saúde, educação, segurança social e contratação colectiva.
Antes da refeição houve um momento musical com o grupo «Voz Amiga», de Terrugem (Elvas). Depois do almoço, após uma homenagem ao cante alentejano, teve lugar um comício. No final, foi tempo de apagar as velas e comer o bolo de aniversário.
À tribuna do comício subiram dirigentes da JCP e da Direcção Regional do Alentejo do PCP, deputados comunistas eleitos pelo Alentejo, João Dias Coelho, da Comissão Política, Luísa Araújo, do Secretariado do Comité Central, e Jerónimo de Sousa, Secretário-geral.
Usaram da palavra Helena Casqueiro, dirigente da JCP, e João Pauzinho, do Comité Central, que centraram os discursos nos problemas e lutas, respectivamente, da juventude e do Alentejo.
Mais acção e iniciativa
Jerónimo de Sousa evocou a «trajectória sem paralelo» do PCP, que não se submete «aos desejos dos que aspiram tornar eterna a exploração» e que não abdica da «perspectiva e do objectivo da construção de uma sociedade nova – o socialismo e o comunismo». Rendeu homenagem aos trabalhadores e ao povo do Alentejo que, com os comunistas, construíram das páginas mais belas da luta «pela liberdade, pelo pão, pela terra a quem a trabalha, contra a exploração e por uma sociedade nova».
Abordou a situação no País, lembrando que, com o empenhamento do PCP, no seguimento da derrota eleitoral do PDS/CDS, foi encontrada uma solução política que travou a ofensiva contra os interesses populares e deu já resposta a aspirações urgentes dos trabalhadores e das populações. Saudou a aprovação do Orçamento do Estado, com medidas que são «mais um sinal de inversão de sentido das políticas de exploração, empobrecimento e retrocesso social que vinham sendo seguidas».
Advertiu, contudo, que a solução dos problemas não se confina ao Orçamento, nem tão-pouco a intervenção dos comunistas aí se esgota. Pelo contrário: a gravidade dos problemas não prescinde, antes exige, mais acção do Partido. Isso significa mais intervenção e luta dentro e fora das instituições, nas empresas e locais de trabalho, nas diversas actividades e domínios, na Assembleia da República, no Poder Local, nas organizações sociais.
E reafirmou que o futuro se constrói na luta de todos os dias. Luta tanto mais necessária quanto fica patente nestes meses, apesar dos avanços positivos, «o carácter limitado da actual solução política» e a necessidade de dar cada vez mais força a uma verdadeira política alternativa, a política patriótica e de esquerda que o PCP propõe.